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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O MÉTODO INTUITIVO E LIÇÕES DE COISAS NO BRASIL DO SÉCULO XIX

O objetivo do texto é mostrar a história da constituição do método de ensino intuitivo e das lições e coisas no Brasil do século XIX. Busca identificar os primeiros sinais e características que norteiam esse novo saber pedagógico no período republicano, o qual é estabelecido no Brasil nas décadas finais do Império.

MÉTODO INTUITIVO E EDUCAÇÃO POPULAR: O DEBATE
INTERNACIONAL

            Na segunda metade do século XIX, o método intuitivo, também chamado de lições de coisas, generalizou-se como o mais apropriado à educação das classes populares.  Nessa época deu-se destaque à educação popular. Levasseur o reconheceu como o Século da Instrução Primaria, por ter sistematizado e generalizado o ensino inicial, o estado ficou responsável em distribuir entre o povo as primeiras letras, suscitando um vasto movimento em proveito da propagação da educação popular, que culminou com a intervenção do Estado na criação da escola primaria de ensino obrigatório, laica e gratuita e na conseqüente organização dos Sistemas Nacionais de Ensino, em diversos paises, as escolas normais surgiram em grande quantidade, surgindo uma época de profissionalização do magistério e cominou uma ênfase exclusiva à questão dos métodos.
            Devido à insatisfação em relação ao ensino, surge um extenso movimento de restauração pedagógica, o método intuitivo foi visto como uma ferramenta pedagógica apta a tornar eficiente o ensino escolar.
            Segundo Buisson, “o ensino intuitivo se constitui como uma das questões de método mais gerais e de maior interesse a todos os graus de ensino primário.”
O método intuitivo não foi aceito por todos os professores, julgavam que as lições de coisas estimulariam uma aprendizagem sem esforços, por meio de simples observação de coisas ou por conversas agradáveis.
Buissom diz que é necessário, apropriar-se do espírito das coisas, ir alem da intuição sensível, era necessário avançar para uma intuição intelectual, aquela que se exerce pelo julgamento sem intermediação dos fenômenos sensíveis e para intuição moral, destinada ao coração e a consciência.
A compreensão em volta das lições de coisas foi outro polêmica causada no interior do debate sobre o método intuitivo. Segundo Buison, as lições de coisas é a primeira forma de intuição, poderiam ser aplicadas por meio de dois sistemas: como exercício a parte, tendo sua hora no programa e seu quadro sistemático ou, ao contrario, inseridas m todo o programa de ensino, para ele a inserção as lições de coisas no sistema de ensino é importante, as lições deveriam ser ensinadas como uma língua viva, uma lição pensada ou falada.

O MÉTODO INTUITIVO NA CAPITAL DO IMPÉRIO

O método intuitivo foi trazido ao Brasil pelos intelectuais ilustrados, e se constituiu em um dos principais elementos da renovação educacional.
Por meio do Decreto de 19/04/1879, Leôncio de Carvalho recomendou, pela primeira vez na legislação educacional brasileira, a lições de coisas. O método intuitivo se consolidou como núcleo central da renovação pedagógica que queriam implantar nas reformas da instrução pública no Brasil. "Em 19/04/1879, o Decreto que constitui a Reforma de Leôncio de Carvalho, prescreve as Noções de Coisas, como disciplina de ensino nas escolas primarias do 1º Gral e Prática do ensino intuitivo ou lições de coisas, como disciplina do programa das Escolas Normais do Estado" (SCHELBAUER, P.137).

            A lição de coisas é método de estudos; envolve o programa inteiro; é uma ação geral, a que se devem submeter todas as disciplinas declaradas no ensino elementar, compõe o espírito do programa; determina para o ensino de todas as matérias, como o método comum, adequado e preciso a todas, possibilita um conhecimento para a vida inteira.
             A diferença entre o método intuitivo e a lições de coisas, “[...] a lição de coisas é uma parte do método intuitivo: é preciso que este se aplique aos exercícios da inteligência e aos atos do raciocínio. A intuição sensível só serve quando prepara para a intuição intelectual” (1884, p.221).

O MÉTODO INTUITIVO NA PROVÍNCIA DE S. PAULO

No programa de 1885-1886 e no relatório de 1887 as lições de coisas são consideradas como disciplina da escola primaria, com a finalidade de acabar com a memorização.
Em 1887, procedente dos debates sobre a instrução pública que marcam as décadas de setenta e oitenta, um novo regulamento da Instrução Pública Provincial è aprovado em 22 de agosto, a partir da Lei n.81/1887. Institui-se, o Conselho Superior de Instrução Pública e inaugura-se a entrada oficial do ensino intuitivo na instrução pública provincial. Surgem algumas dificuldades em ensinar algumas matérias, devido a falta de recursos ou falta de conhecimento.           
Algumas práticas estabelecidas a partir do método intuitivo, como os passeios escolares, a distribuição dos conteúdos por classes e as lições de coisas como disciplina do programa.

CONCLUINDO: TRAÇOS DE UM DESENHO
EM COMPOSIÇÃO

O texto tratou das primeiras linhas da fundação do método intuitivo no Brasil, fica evidente que o discurso em relação a esse método alcançou as intenções políticas no que diz respeito à implantação do novo regime.
As reformas inseridas em São Paulo mostram que a instalação do sistema público de ensino estava sujeito, além dos novos métodos e processos intuitivos, do domínio desses métodos e processos por meio da experiência, do aprender vendo fazer, apontando uma interdependência entre reforma, método e experiência. O período republicano é considerado pela autora como o tempo de consagração do método intuitivo.
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  • BARBOSA, Rui. Reforma do ensino primário e várias instituições complementares da instrução pública (1882). Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1947 (Obras Completas, vol. 10, t. 1-4).
  • CARVALHO, Leôncio de (org.) Documentos. Exposição Pedagógica do Rio de Janeiro, 1 (1883). Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1884.
  • BRASIL. Decreto n. 7247, de 19 de abril de 1879. Reforma do ensino primário e secundário do município da Corte e o superior em todo o ImpérioAtos do Poder Executivo. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1879.
  • SAFRAY. Lições de Coisas. Trad.: Alves Carneiro. Paris; Rio de Janeiro: Garnier, 1902.




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